





Vivi Noronha, esposa do funkeiro MC Poze do Rodo, celebrou nas redes sociais a liberdade do cantor após quatro dias de prisão. Na noite desta segunda-feira (2), a influenciadora digital compartilhou com seus seguidores a emoção da decisão judicial que revogou a prisão de Poze e autorizou sua soltura, mediante medidas cautelares.
De frente para o presídio Bangu 3, no Complexo de Gericinó, onde o artista estava detido, Vivi registrou o momento em que familiares, amigos e fãs soltaram o grito da vitória. “Obrigada, Jesus, saiu a decisão. MC não é bandido, aceitem”, escreveu ela em uma publicação feita nos stories do Instagram.
Em outro vídeo, visivelmente emocionada e com a voz rouca, ela desabafou: “Gente, eu acabei de chegar em casa, acabei. Desculpa pela minha voz, foram quatro dias gritando e amanhã vai ser gritando também! Saiu a decisão certona, vencemos mais uma, graças a Deus! Tô acabada, mas a decisão saiu. Tudo certo, vencemos. Por conta do horário, ele não foi solto hoje. Mas amanhã voltamos para casa! Nossa última noite longe".
As imagens também mostraram fãs jogando bebida para o alto e gritando em comemoração, em uma espécie de vigília realizada na porta do presídio, reforçando o apoio popular que o cantor tem, mesmo diante das acusações.
MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto, foi preso na última quinta-feira (29) por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A detenção ocorreu sete meses após uma operação que já havia apreendido joias de ouro do cantor.
A investigação da Polícia Civil aponta que o artista teria ligações com o tráfico de drogas e que suas músicas fariam apologia ao crime, ao uso de armas de fogo e à promoção de conflitos entre facções criminosas. Segundo o relatório da DRE, os shows de Poze ocorrem frequentemente em comunidades controladas pelo Comando Vermelho, onde traficantes armados fazem a segurança dos eventos.
Além disso, a polícia alega que os bailes funk promovidos pelo funkeiro contribuiriam para o financiamento do tráfico, com o lucro sendo revertido para a compra de drogas e armamentos.
A soltura de Poze foi autorizada pelo desembargador Peterson Barroso Simão, da Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. O magistrado entendeu que a prisão temporária não era imprescindível para o andamento das investigações e criticou a condução da operação.
Em sua decisão, o desembargador afirmou haver indícios de excesso na abordagem policial, citando o uso de algemas e a exposição midiática do cantor. Ele também ressaltou que o artista já havia sido investigado anteriormente por acusações semelhantes e foi absolvido tanto em primeira quanto em segunda instância.
A liberdade, no entanto, veio com uma série de obrigações. MC Poze deverá:
- Comparecer mensalmente à Justiça;
- Não deixar a comarca sem autorização;
- Não manter contato com investigados ou membros do Comando Vermelho;
- Entregar o passaporte;
- Manter endereço e telefone atualizados.
O advogado do artista, Fernando Henrique Cardoso Neves, comemorou a decisão e classificou a prisão como parte de um processo de perseguição a artistas da periferia. “É uma decisão serena que restabelece a liberdade e dá espaço à única presunção existente no direito: a de inocência”, declarou.
Segundo ele, a autodeclaração de pertencimento ao Comando Vermelho feita por Poze ao dar entrada no sistema penitenciário não pode ser considerada confissão judicial, mas apenas um procedimento padrão para garantir a integridade física do preso dentro do sistema prisional.
Neves também criticou o que chamou de “criminalização seletiva” do funk, comparando com a perseguição histórica sofrida por outros gêneros musicais como o samba.